Modelagem em CAA*
- Silvana Costa
- 7 de jul.
- 3 min de leitura
Estratégia facilitadora para introdução da Comunicação aumentativa e alternativa
Quando se fala no uso de CAA, normalmente centramo-nos no indivíduo que necessita dela (no artigo referido como utilizador de CAA), mas muitas vezes esquecemo-nos dos parceiros comunicativos, que são a chave para o sucesso na implementação deste sistema de comunicação pois são eles que oferecem suporte, incentivo e oportunidades para a prática comunicativa.
Os parceiros comunicativos podem ser considerados como “todas as pessoas que interagem regularmente com o utilizador de CAA”, e devem adotar uma postura de
uso regular de CAA;
planear atividades que possibilitem trocas comunicativas;
ser pacientes dando tempo ao utilizador de CAA de se expressar;
valorizar todas as tentativas que ele realizar para comunicar;
usar a MODELAGEM como uma estratégia-chave para exemplificar e motivar ao uso da CAA.
Assim, MODELAGEM tem como definição, segundo Von Tetzchner & Martinsen, H. (2000), exemplificar apontado para os pictogramas enquanto os verbaliza enfatizando o seu significado e promovendo o uso do sistema adotado. Estudos referem que esta prática aumenta significativamente a eficácia e adesão do futuro utilizador à CAA. Da mesma forma, aumenta a perceção de construção frásica e potencia a expansão lexical (Binger & Light, 2007; Bruno & Trembath, 2006).

Além disso a modelagem deve ser adotada em todos os ambientes onde o utilizador se insere, quer em casa mas também na escola, terapias, atividades lúdicas entre outras. A consistência do seu uso é fundamental para tornar este um meio comunicativo preferencial e eficaz. Da mesma forma, reduz a assimetria entre os meios de entrada e saída linguística dos diferentes intervenientes e do próprio utilizador de CAA que terá mais oportunidades de adquirir conhecimentos linguísticos por vias aferentes verbais não-orais (ex: os pictogramas).
O seu uso regular e consistente tem como vantagens:
1. Aumento da compreensão e produção de símbolos;
2. Reforço da confiança no uso do sistema;
3. Expansão de mensagens multi-símbolo com desenvolvimento sintático;
4. Redução dos momentos de frustração;
5. Aumento na participação das diversas atividades onde está envolvido.

Na prática, para usar a modelagem o parceiro comunicativo deve, em simultâneo que aponta para os símbolos, falar pausadamente, aumentar o tempo de espera nas respostas, garantir que o utilizador tem contacto visual total para todos os símbolos disponíveis e variar o tipo de discurso que é modelado. Assim, assumindo naturalidade nas conversações que são iniciadas, o parceiro comunicativo deve planificar tipologias de frases e tipos de palavras diferenciadas para permitir um melhor e maior conhecimento das potencialidades da CAA.
Finalizamos com um reforço na confiança para usar a modelagem em todos os momentos possíveis, mas não forçando o utilizador a utilizar o sistema, mas sim incentivando e gratificando quando existe iniciativa do próprio. Quando aplicado no contexto familiar a modelagem ainda se torna mais benéfica pois o utilizador de CAA estará inserido num contexto natural de interação, onde a comunicação ocorre de maneira espontânea e funcional.
*Comunicação aumentativa e alternativa
Referências bibliográficas
· Von Tetzchner s., Martinsen, H. (2000) Introdução à Comunicação Aumentativa e Alternativa. Porto: Porto Editora.
· Saramago, A. R., Gonçalves, A., Nunes, C., Duarte, F., & Amaral, I. (2004) Avaliação e Intervenção em Multideficiência. Ministério daEducação - Direcção Geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular.
· Binger, Cathy. & Ligth, Janice (2007) The effect of aided AAC modeling on the expression of multi-symbol messages by preschoolers who use AAC. PubMed
· Bruno, Joan., Trembath, David (2006). Use of aided language stimulation to improve syntactic performance during a weeklong intervention program. PubMed
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